Newsletter da Liga | Novembro 🌊
Olá mulheres! Chegou a edição da Newsletter da Liga de Novembro. Essa news está demais! Convidamos as mulheres do GT Mulheres Negras da Liga para contribuírem com indicações das mulheres negras mais fodas, e dos conteúdos mais lindos produzidos por elas! Juntas, criamos uma newsletter especial sobre questões raciais, em celebração ao Dia da Consciência Negra! Nesta News, você vai se informar sobre a importância do sistema de cotas na graduação e pós-graduação, se inspirar com Rosy Isaias, a primeira mulher negra a alcançar o mais alto nível no CNPq. Tem ainda o Papo com a Liga, sobre a 16ª COP da Biodiversidade, sob as perspectivas de Renilde Piedade e Bruna Martins, recém-chegadas da Colômbia. Também indicamos conteúdos produzidos por mulheres negras e homenageamos a professora de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Alessandra Benedito, trazendo as novidades na Lei de Feminicídio no Brasil!
Nosso muito obrigada às mulheres do GT pela ajuda! Dedicamos essa Newsletter de Novembro a todas as mulheres negras! 👊🏾
Nos dias 2 e 3 de novembro, ocorreu, de forma remota, o 1º Simpósio Brasileiro de Conservação de Ambientes Insulares, organizado pelo Projeto Aves de Noronha e SAVE Brasil. O evento reuniu pesquisadores, especialistas e gestores para discutir a importância ecológica, cultural e científica dos ambientes insulares.
O Cadastro Nacional de Informações Espeleológicas, desenvolvido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), recebeu, em outubro passado, os primeiros registros de cavernas submarinas do país. As cavidades registradas estão localizadas no município de Tamandaré (PE), dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais. Veja aqui estas maravilhas do fundo do mar.
No dia 17 de outubro, a organização Oceana lançou um novo relatório, intitulado “Fragmentos da Destruição: impactos do plástico à biodiversidade marinha brasileira”. O documento apresenta um panorama dos impactos do plástico na fauna marinha do país, atualizando dados do relatório publicado em 2020, "Um Oceano Livre de Plástico – desafios para reduzir a poluição marinha no Brasil".
A Feira mais queridinha do Brasil chegou à sua 22ª edição. Este ano, a FLIP (Feira Literária de Paraty) rolou nos dias 9 e 13 de outubro. Entre as autoras que expuseram o seu trabalho no evento vale destacar Txai Suruí, liderança indígena do povo Paiter Suruí, que participou de 6 mesas ao longo do evento, compartilhando, entre outras coisas, sua experiência na luta contra a emergência climática e enfatizando o papel dos povos indígenas e comunidades quilombolas no combate aos incêndios. Atualmente, os múltiplos incêndios registrados são a maior ameaça à sociobiodiversidade brasileira, em qualquer um dos 7 Biomas do país. Leitura boa e as novidades da FLIP 2024, você encontra aqui.
Ainda sobre a FLIP! Conheça a escritora gaúcha, Julia Dantas, afetada pelas enchentes em Porto Alegre, no início do ano passado. Acesse aqui.
Eliete Paraguassu, marisqueira e pescadora da Ilha de Maré (BA), é uma importante voz na defesa dos direitos das comunidades tradicionais. Agora, ela é também a primeira quilombola eleita vereadora, na cidade de Salvador. Axé! E pra conhecer essa baiana arretada, você clica aqui.
Nas eleições municipais de 2024, o Brasil elegeu: 17 prefeitos, 36 vices-prefeitos e 334 vereadores Quilombolas, sendo 72 mulheres no total. Indígenas, foram 9 prefeitos (sendo 1 mulher) e 241 vereadores (sendo 39 mulheres).
Atenção! Está aberta, até dia 13 de novembro, a consulta pública à Estratégia Nacional de Adaptação à Mudança do Clima, um dos componentes do Plano Clima.
Você lembra da PEC03? Aquela, que ficou conhecida como PEC das Praias? Pois é! A Carolina Cardoso, do Painel Mar, escreveu para o Blog da Liga, pois o tema continua quente e ainda corre o risco de ser aprovado. Confira aqui!
A Década do Oceano está buscando voluntárias que queiram contribuir com um grupo de trabalho em Gênero! Saiba mais aqui (site em inglês).
Presença Iluminada 🌟
O Blog da Liga de Novembro foi escrito por Dandara Dorneles, membra do GT Mulheres Negras da Liga. Doutoranda e Mestra em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Dandara está estudando as cotas na graduação e pós-graduação! Em seu texto, ela nos convida a alargar nossa visão para conviver com uma nova luz no espaço universitário! Estamos falado da presença de estudantes negras e negros nas universidades, assim como quilombolas e indígenas, fruto das novas Políticas de Ação Afirmativa que vieram para iluminar a academia, trazendo rupturas em relação às metodologias replicadas há anos. A autora nos lembra da importância de reconhecermos outras epistemologias, culturas e corporeidades a partir dos pertencimentos! E que, falar sobre questões étnico-raciais nas relações cotidianas, é um compromisso acadêmico e social inerente a todas as Universidades! Não perca esse relato potente, clique aqui.
Rosy Isaias - topo de carreira e autodeclaração, êxito e responsabilidade 👩🏿🔬
É emocionante conhecer a trajetória da primeira pesquisadora autodeclarada negra a atingir o nível mais alto possível para os bolsistas de produtividade em pesquisa do CNPq. Sim, essa figura importantíssima para a ciência brasileira é a nossa convidada do Liga Convida de Novembro. Para Rosy, Isaias, professora titular do departamento de Botânica da UFMG, ser negra é enfrentar o racismo ‘frontalmente’, como declara. Ciente de seu papel na ciência e na academia, compartilha de maneira generosa suas conquistas e seus desejos para nos assegurar que sonhar com o coletivo é inigualável, mesmo diante do êxito pessoal. Com exemplos que percorrem desde sua infância até 2024, exprime seu amor pela sala de aula e pelo laboratório, relatando momentos chave na vida de quem insiste em não desistir. Gostou? Leia aqui.
Neste mês, o Papo com a Liga tem a honra de receber duas convidadas muito especiais: Renilde Piedade e Bruna Martins, também conhecida como Bruna Mangueóloga. Ambas acabam de voltar de Cali, na Colômbia, onde participaram da 16ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica das Nações Unidas (COP-16), realizada entre 21 de outubro e 1 de novembro.
Nesta edição, vamos conhecer mais o trabalho inspirador dessas mulheres na proteção dos manguezais e dos modos de vida das comunidades costeiras. Também discutiremos a repercussão das discussões da COP-16 em suas atividades e na luta das comunidades extrativistas, além das dificuldades e conquistas que tiveram durante a conferência. Renilde e Bruna também compartilharam reflexões sobre as ações futuras que pretendem realizar com base no que vivenciaram no evento.
Junte-se a nós nessa conversa sobre a relação entre eventos internacionais e práticas de conservação locais, e o papel crucial das mulheres na luta por um futuro ancestral. Clique aqui para ver o Papo com a Liga!
O Liga Inspira desse mês vem recheado de indicações, para todos os gostos! Se liga:
Para ler:
Um pequeno livro que já virou um grande clássico da literatura antirracista é o “Pequeno Manual Antirracista”, de Djamila Ribeiro. O livro é um guia prático e transformador para entender o racismo estrutural e aprender a combatê-lo de forma ativa.
Para ouvir:
Não desconversa: Racismo. Nesse episódio do podcast “É Nóia Minha?”, a apresentadora Camila Fremder conversa com a produtora de conteúdo, Dandara Pagu, e com a diretora executiva de criação, Deh Bastos. O papo reto é sobre como abordar o tema do racismo com crianças, inspirado por uma pergunta real feita pelo filho de Camila.
Para assistir:
O documentário “Cores Pretas” traz relatos de cinco mulheres negras e suas vivências com as diversas nuances do racismo, desde a infância. Conheça as histórias tocantes e potentes de Lucia Talabi, Kamilla Albino, Simone Pedro, Daniela Abreu e Tamillys Lirio.
Para seguir:
Bárbara Carine (@umaintelectualdiferentona) é professora, escritora e palestrante especializada em educação antirracista. Em seu Instagram ela discute temas como o combate ao eurocentrismo na educação e o empoderamento da identidade negra, buscando promover uma educação que valorize diversas culturas e trajetórias sociais.
Sabemos que a luta contra a emergência climática e a luta antirracista caminham lado a lado, por isso indicamos também o Instagram @vozesnegraspeloclima: 11 mulheres negras lutando por políticas climáticas com justiça socioambiental, racial e de gênero.
Elas migram da Antártida ao nordeste brasileiro, todos os anos, no inverno. A cada temporada, estão mais abundantes e próximas da costa. Elas proporcionam um espetáculo para turistas que viajam pelo litoral do Nordeste e do Norte de São Paulo, somente para vê-las. Leia aqui o Diário de uma “Baleiólotra”, no qual a bióloga marinha, Thais Melo, conta a rotina do turismo de observação de Baleias Jubarte, no sul da Bahia.
Prioridades da Década do Oceano para 2030!
Temos novidades na Década do Oceano! Em outubro, saiu um relatório que traça as prioridades da Década até 2030. Quais áreas devem ser priorizadas a fim de se manter o oceano saudável? Que conhecimentos, capacidades e recursos irão levar ao sucesso da Década do Oceano? O relatório, chamado "Ambition, Action, Impact: the Ocean Decade Pathway to 2030 - Consolidated Outcomes of the Vision 2030 Process” (em tradução livre: “Ambições, Ações e Impactos: o caminho da Década do Oceano para 2030 - Resultados Consolidados do Processo da Visão 2030") identifica as prioridades e ações transformadoras que irão garantir os melhores resultados possíveis para essa Década do Oceano! Clique aqui para lê-lo.
“O verdadeiro empoderamento de uma pessoa negra é ser humana”
Nossa homenageada do mês tem um currículo extenso. Alessandra Benedito é professora de Direito na FGV, preside a Comissão Nacional da Promoção da Igualdade na OAB/Federal, é conselheira da Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial, além de ser Coordenadora de Diversidade da Fundação Getúlio Vargas / SP e presidir a Área de Equidade (ESG) na Fundação Lemann.
Alessandra recebeu, em novembro, o Prêmio Zumbi dos Palmares, concedido a lideranças populares, com destacada atuação na luta contra o preconceito e por um mundo mais justo. Da OAB, recebeu uma menção honrosa por sua atuação como conselheira federal, durante o seu primeiro mandato com cotas raciais (2022-2025) - implementadas após a alteração do Estatuto da Advocacia, em 2021 -, em reconhecimento aos serviços prestados na promoção dos direitos e conquistas das mulheres negras.
Há pouco, Alessandra também lançou um livro, chamado “O Futuro do Trabalho - Agendas e Interseccionalidades”, organizado junto com Aline Freitas, Claudia Abdul Ahad Securato e Susana Mesquita Barbosa. O livro reúne especialistas de diversas áreas para discutir os principais dilemas sociais e caminhos para superá-los. Com tantas contribuições e por sua trajetória marcada pela excelência, homenageamos e celebramos Alessandra Benedito esse mês!
O Homenageia aproveita também para dar uma notícia boa! Recentemente, foi sancionada a Lei n° 14.994, de 9 de outubro de 2024 (14,994/2024), que trouxe significativa alteração na forma como o Feminicídio é tipificado pelo ordenamento brasileiro, no intuito de prevenir e coibir a violência praticada contra a mulher. Dentre essas alterações, está o aumento da pena mínima, que, de 12 anos de reclusão, passa para 20 anos, podendo chegar até 40 anos. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde - PNS, do IBGE, a proporção de mulheres de 18 anos ou mais de idade que sofreram violência psicológica, física ou sexual e cuja forma mais grave de violência foi praticada por um parceiro íntimo atual ou anterior foi de 60% em 2019, sendo maior na população preta ou parda: 63% (branca: 57%). Em 2022, 61,1% das vítimas de feminicídio no Brasil eram negras e 38,4% eram brancas.
Apesar da melhora nos casos de feminicídio (e esperamos que a Lei 14.994 derrube estes índices, cada vez mais), a violência letal ainda é mais prevalente entre mulheres negras do que não negras. A interseccionalidade entre gênero e raça faz com que as mulheres negras estejam mais sujeitas à violência de gênero. A presença de mulheres como Alessandra em cargos de poder é essencial para transformarmos a sociedade em um lugar mais justo e igualitário, alinhado aos valores de convivência que todos desejamos para o mundo!
Esta newsletter é feita com muito carinho por diversas mulheres da Liga das Mulheres pelo Oceano. Coordenação: Mariana Campagnoli. Produção de conteúdo: Débora Camacho Luz, Elisa Homem de Mello, Mariana Campagnoli, Marina Dale, Natalia Grilli e Renata Pelegrini. Revisão: Elisa Homem de Mello, Mariana Andrade e Mariana Campagnoli. Design: Bruna Daibert e Mariana Campagnoli.